20071203

VENEZUELA

Por que no te callas?


A América Ibérica entre o silêncio e o carisma eufórico










"El pueblo dijo NO a la reforma constitucional y "es irreversible". Pasada la una de la madrugada, el Consejo Nacional Electoral anunció que el No es la opción ganadora, con “una tendencia clara e irreversible”.

Houve altíssima abstenção de 44%, que em princípio seriam representados por contingentes de pessoas que nutriam antipatia pela reforma constitucional e por Chávez, mas não se mostraram dispostas a ir às urnas pelo conhecido efeito de ação coletiva, antecipando o que se presumia fosse tendência à vitória. Havia esta tendência, que se prognosticava muito alta. Em verdade, todas as maiorias conseguidas por Chavez, inclusive sua eleição última de 60% à Presidência, o foram com altas taxas de abstenção.Ele não se conformou e ameaçou reapresentar as medidas através de iniciativa popular, antes do final de governo.Depois chantageou seus eleitores e anunciou que pretende se retirar em 2013. Seus aliados intelectuais, que moram em Caracas e provém dos mais diversos lugares do mundo (professores, guerrilheiros, combatentes operacionais e estrategistas do Irã, Alemanha, Libia, já lhe sugeriram que programe estratégia de "ataque coordenado" para sufocar qualquer escalada de iniciativas da oposição, para não perder o que foi conquistado. O processo venezuelano é diferente de todos os anteriores da América Ibérica pela suas conexões - através da OPEP e da conexão ibérico-islâmica, Chávez tentou iniciar sua globalização - e o refrão de seu ódio permanente aos Estados Unidos como forma de sustentá-lo.
Na sequência, examino a proposta constitucional de eliminação do federalismo que Chavez pretendia, a criação de "células geo-humanas" ou comunas corporativas vinculadas holísticamente ao Estado central, administradas por distritos e logo por vice-presidentes nomeados por ele, o Soberano, para executar uma redivisão territorial da Venezuela em modelos semelhantes a corporações ibéricas iniciadas no século XVII e mantidas até os vice-reinos do século XIX. Elas seriam funcionais para a implantação do que ele chama de "socialismo do século XXI", que também examinarei posteriormente, um conjunto de setores econômicos integrados entre si. Os niveis de representação política teriam clara contradição entre exercício de gestão - que não seria proporcional direta ou majoritária porque submetida à supervisão - e a ação econômica, que teria formal liberdade associativa, mas vigiada e regulada pelo corpo burocrático do Estado.
De várias formas, a relação entre Estado e cidadania indica que se institucionalizaria uma cultura de silêncio e controle ampliada por uma super corporação de intendências - tudo isto compensado pelo exercício direto do referendo imediato nas instâncias locais.Este tipo de participação direta tem sido chamado de "protagonismo", mas há um conjunto de hierarquias que se tornam invisíveis e as precedem e regem, como se vê adiante.
A compensação para o impedimento da participação ampliada e representativa eficaz, é dada pelo carisma eufórico do que se denomina "poder popular". A indignação de Chávez contra a frase do rei espanhol, a quem atribuiu autoritarismo colonialista, voltou-se contra si próprio, investido no papel de soberano absolutista.
A Venezuela exerceu típica atitude de Americanidade política ao rejeitar formas não representativas.