20080804

COLÓQUIO INTERNACIONAL BRASIL CANADÁ

Participei de excepcional encontro interdisciplinar internacional dos Núcleos de Estudos Canadenses do RS e Associação Brasileira de Estudos Canadenses em 25 e 26 de março de 2008, em Porto Alegre, que gerou múltiplos efeitos e ainda está sendo motivo de pesquisas conexas diversas. Foi lançado também o número 8 da revista Interfaces, que está no site http://www.revistabecan.com.br/
.O encontro foi transformado na obra Brasil/Canadá: Imaginários Coletivos e Mobilidades (Trans) Culturais, Zilá Bernd (org). Porto Alegre: Nova Prova, 2008.Transcrevo abaixo meu debate na conferência do professor Jean François Coté, "Le concept d´Americanité: hibridité culturelle et cosmopolitisme"

Imperialismo e cosmopolitismo: o Canadá e a busca de um novo paradigma

Roque Callage Neto

Gostaria inicialmente de agradecer à professora Zilá Bernd e à professora Núbia Hanciau,pelo convite a participar deste colóquio realizado pela Abecan e pelos Núcleos de Estudos Canadenses do Rio Grande do Sul. Aplaudi ao professor Jean-François Côté pelas palestras com que nos brindou durante o evento em torno dos dilemas americanos, do imperialismo e dos cosmopolitismos.

Farei alguns comentários e observações à apresentação do professor Côté, para eventualmente, ao final, oferecer algumas complementações à sua exposição.

O professor introduz a questão através do conceito amplo, abrangente e unificador de Americanidade, proposto por Francis Monroe Kercheville, em 1939, e recuperado por Immanuel Wallerstein e Aníbal Quijano, em 1992, para exprimir vinculação a uma idéia continental e processo de nascença de uma região inteira. Isto aparece dentro do sistema-mundo moderno ao longo do século XVI e, para Wallerstein, a América é vista como periférica ao nascimento da Nova Europa, perdurando até o século XIX, intrinsecamente dentro do fenômeno da modernidade.

Como afirma o professor, as características fundamentais da Americanidade apareceriam no colonialismo, na etnicidade, no racismo e na cultura da novidade por si mesma. O século XIX traz posições que tentam liberar as Américas da tutela européia para criar identidades nacionais na representação expandida da nação como conseqüência do sistema-mundo que faz sua mudança, influenciando também transformações pela hegemonia estadunidense.

Neste ponto, o professor J.-F. Côté considera limitado este modo de ver a emergência identitária americana, pois observa o surgimento de racionalidades utópicas que advêm de outras fontes, sejam indígenas, sejam manifestações a partir da América mesma, cuja referência não é a Europa. Mostra-nos também que a invenção de um novo continente significou uma história mais universal do que a da modernidade européia. Para compreender as Américas, podemos inclusive ultrapassar conhecimentos europeus da segunda metade do século XIX da antropologia, paleontologia, etnologia, entre outros. A originalidade americana e suas formas culturais são apreendidas pela literatura, comunicação, novas formas de conflitos e contradições, nas quais contextos de modernidade aparecem e reaparecem em expressões como culturas populares, ou culturas eruditas que coabitam no espaço americano, como afirma Nestor Garcia Canclíni.

Há, nas eruditas observações do professor J.-F. Côté, a percepção de que modernidades diferenciadas convivem nas Américas e o conceito de modernidade mais acabada dos Estados Unidos e Canadá só é formalizado assim pela abstração da presença ameríndia.

Observando suas explanações que vão dos europeus Kant, Herder e a sociedade étnica comparada, chegando a Hegel e sua filosofia da História, do iluminismo até as Ciências do Homem, aportamos à sua conclusão: a modernidade das Américas não é mero prolongamento da sociedade européia, pois a experiência pré-colombiana aponta constantes hibridações.

A virada do século XIX ao XX assistiria ao cosmopolitismo estadunidense se expressar na famosa fórmula de nação das nações até Woodrow Wilson, que a desdobraria como versão de uma nação de todas as nações. A Americanidade se confunde com o americanismo, expressão de imperialismo no interior e no exterior das fronteiras nacionais estadunidenses, tendendo a associar imperialismo e cosmopolitismo, e a defender o modelo imperialista estadunidense para todo o mundo.

Depois da Segunda Guerra Mundial, surgem representações e reivindicações identitárias culturais e sub-nacionais, e o multiculturalismo intervém como forma de aumentar o cosmopolitismo. Pela complexidade do que representa, a identidade das Américas ainda não foi atingida, mas o conceito de Americanidade está ligado de forma indissolúvel à originalidade da experiência cultural que nós representamos.

O campo de observação e a amplitude da proposta

Os comentários a fazer aos textos apresentados pelo professor J.-F. Côté seriam inicialmente os de ressaltar a afinidade e empatia do campo em que nos encontramos e nos representamos para situar a análise sobre as Américas. Nosso convidado traduz os níveis de representação da identidade americana muito claramente e a percepção de Americanidade como nível mais abrangente de representação de todos os americanos. Ao mesmo tempo, observa as limitações de uma teoria como a do sistema-mundo, que faz derivar a representação de Americanidade de processos econômicos estritos do sistema europeu e suas interconexões mundiais, deixando de atribuir valor às criações e representações da própria gênese americana.

Ele faz um percurso que passa pela construção das ciências do homem e da sociologia. Como cientistas sociais, ambos temos a perfeita noção dos paradigmas construídos no século XIX, onde a Sociologia, a Antropologia e outras ciências vieram a ser criadas em substituição à Filosofia da História, a partir dos Estados Nações, da resposta que a industrialização foi dando e os recursos educativos e investigativos que estes Estados precisavam criar. Estamos, eu diria, no mesmo campo de observação.

Apresento, a título de colaboração, alguns comentários complementares a essas observações.

O primeiro diz respeito à própria representação de Americanidade e de seu surgimento no contexto europeu. Cito Richard Morse, e seu famoso livro o Espelho do Próspero.Cultura e idéias nas Américas (1985), para lembrar que a Americanidade e suas divisões contextuais não começam com Colombo nem no momento tido como fundador no século XVI, mas muito antes, quando das escolhas européias no século XIII, das opções intelectuais e construtivas de uma ordem jurídico-filosófica. Descobertas, representações políticas, posições econômicas são advindas desta construção. A Europa do Sul se torna cautelosa diante da experimentação e fortalece uma atitude corporativa e contemplativa, fundada na razão escolástica, com autorizações entre seus conselhos de Governo, de mercês e obediências absolutas aos Soberanos, enquanto a especulação da ciência, experimentação de hipóteses e o mercantilismo investidor se dirigem para o Norte, contemporâneo aos empreendimentos inventivos. Até o começo do século XVI, a península ibérica ainda se equilibra nesta disputa entre a Igreja intolerante e o protestantismo nascente, e o ciclo da globalização portuguesa, com sua ordem patrimonialista do Reino com acordos entre cristãos, judeus e mouros, suas caravelas, cartografia e grandes empreendimentos e logo o Reino Espanhol, são a demonstração disto. Este aspecto e a formação de entre ciclos foram muito bem mostrados por Tesaleno Devezas em sua obra Portugal O Pioneiro da Globalização(2007).A América Ibérica surge neste contexto, seja português, seja espanhol..

Logo a seguir, a contra-reforma espalha a divisão entre uma Europa do Sul e Sudoeste intransigentes, e outra Europa, do Norte, que fortalece os investimentos, a experimentação, a comunidade de empreendedores e as novas colônias. As Américas se dividem como conseqüência dessa divisão. A perspectiva renascentista, que alimentara a divisão, se fortalece de um lado e se enfraquece de outro. São judeus, huguenotes, protestantes, devedores, perseguidos criminais, perseguidos civis e políticos que vêm fazer a América para construir um novo mundo, uma outra realidade.

Então, o primeiro aspecto é o da percepção americana, que não se constrói progressivamente, mas se dá no mesmo momento da chegada à América, se dá com a vinda para a América, pois é a reinvenção de um mundo, outro mundo, é a anti-Europa, em esboço de sociedade civil não absolutista que se transformaria depois em possibilidade de pós-Europa. O americano é necessariamente um não-europeu, e um não-europeu diferente dos habitantes dos outros continentes, porque um europeu negado, reformado, um europeu modificado, reinventado.

O segundo aspecto diz respeito exatamente à hibridez das culturas americanas porque as Américas têm regiões diferentes que retratam colonizações diversas. Elas têm também graus diferentes de hibridez, sendo que a questão da hibridação teria que ser vista sob este aspecto.

Para simplificar, e somente para simplificar radicalmente a visão como método e construir graus de percepção, diria que podemos dividir as Américas em regiões que tiveram escravidão e regiões que não a tiveram. Vemos o exemplo do Canadá e da Argentina, que têm experiências semelhantes e que não passaram pelo sistema escravocrata, embora a Argentina a apresente em caráter residual.

O Brasil e os Estados Unidos constituem países continentais com histórias de escravidão e identidades de fronteira a partir dela. Regiões de escravidão residual no Brasil são similares a certas regiões nos Estados Unidos, e regiões de escravidão plena brasileira são similares a regiões estadunidenses.

Os Andes constituem outra realidade muito diferente, de uma América pré-colombiana; o Caribe constitui uma fronteira móvel, onde a escravidão foi inventada para regiões de plantação vinculadas à Europa.

Enfim, a América foi se conformando segundo os objetivos de colonizadores, as intenções características das colonizações e as formações sociais e econômicas dos tipos emergentes.

E com certeza as regiões não são apenas prolongamento da experiência européia, mas uma combinação entre o interesse do colonizador e a formação gradativa dos interesses próprios gerados nas colônias, especialmente a partir do século XIX, quando os Estados Nações vão se formando nas regiões colonizadas, como muito bem acentuou o professor Côté.

Há regiões em que o preconceito contra o lucro pela presença da Igreja católica ultramontana como agente civilizador estava formado por conseqüência da colonização, como no Canadá francês, ou no Brasil, e América Ibérica. Este fato determinou uma forma de Estado centralizada, uma hierarquia mais aristocrática de costumes. Em contrapartida, registra-se a ocorrência de outras regiões. onde o Estado foi descentralizado e visou comunidades empreendedoras e lucrativas negociais, como nos Estados Unidos e no Canadá inglês.

O terceiro aspecto é o da suposta singularidade dos Estados Unidos. Os Estados Unidos constituíram um fenômeno único de independência precoce do Reino inglês e de formação de industrialização tolerada pelos ingleses, tendo pago suas dívidas ao colonizador. Mas aqui há generalizações que muitas vezes são feitas sobre o papel dos Estados Unidos que não se sustentam e que convergem perfeitamente para a análise feita por J.F. Côté sobre a visão errônea estadunidense de si mesmo como nação das nações. Hannah Arendt por exemplo cometeu um erro ao dizer que os Estados Unidos tinham feito a revolução mais bem acabada da história, uma revolução bem resolvida.Em seu livro Da Revolução (1988), ela diz que não havia uma aristocracia nas colônias, que os colonos não passavam fome, que todos tinham seu pedaço de terra, que a revolução elevou plenamente os colonos à cidadania. Mas resta a pergunta: “e a questão da escravidão?“. Hannah Arendt se omite na resposta a esta questão.

Uma das intenções definidas de Thomas Jefferson era o retorno dos africanos à África como forma de resolver a contradição entre homens livres e homens escravos e não me parece que esta seja a definição de uma revolução bem resolvida.

Tais fatos nos levam também a procurar definir a questão da confusão entre Americanidade e Americanismo. O Americanismo é uma forma particular de perceber a Americanidade e esta forma é normalmente a idéia da busca infinita de novas fronteiras onde e como elas se apresentem, a busca feita pelo pioneer, o pioneiro que se desvincula da família de colonos comunitários empreendedores do Norte e sai pelo vasto território híbrido em busca de novas terras, encontrando a região ibérica-ameríndia do Texas, da Califórnia, como zona de alteridade, numa constante incorporação de novas regiões. E faz este percurso no período próximo e posterior à guerra civil do século XIX . O Americanismo, desse modo, é um deslocamento de fronteiras móveis e de conquistas permanentes. É por isto que os Estados Unidos têm uma dificuldade enorme em formular um projeto americano e um lar comum americano. Porque o deslocamento dos Estados Unidos a partir de então se faz por várias regiões do Planeta, e sua solidariedade americana é pequena, confundindo-se com seu pioneirismo anglo-saxão protestante americano em busca de uma projeção extra-continental. O ideal seria que pudéssemos mostrar-lhes as vantagens de um projeto americano, que seria algo maior do que a Alca..

Os Estados Unidos estão debatendo estes problemas dentro de sua eleição geral e creio que irão debatê-lo muito mais, embora estejam mais preocupados com Irã, Iraque, Paquistão, Afeganistão, Oriente Médio, Israel, China,Rússia, Europa, e sempre com a velha Albion. de quem se desvincularam, a quem pagaram suas dívidas e por isto mesmo com quem continuaram transcontinentalmente associados para demonstrar orgulhosamente por oposição, a vitalidade de seus empreendimentos próprios..

Por último, gostaria de comentar a questão da modernidade, do imperialismo e do cosmopolitismo e os níveis de diferenciação entre um e outro.

A Modernidade trouxe a Era das Nações, e logo a forma aumentada das colônias e formação de Nações Imperiais européias. O imperialismo depende basicamente de concentração de poderes. E os poderes que formam o imperialismo atuam com poderes subsidiários, desde a antiga Roma até a Grã Bretanha. No caso dos Estados Unidos, encontram guarida no tipo de corporações que representam direitos de propriedade dos agentes civis estadunidenses. Elas atuam como pessoas morais, com responsabilidade civil, integrando sua sociedade civil. Segundo a legislação anglo-saxônica, têm os mesmos direitos civis de uma pessoa na forma de um grupo de acionistas, um grupo de cidadãos, como expressão da sociedade estadunidense. As corporações agem como tal e são vistas como representantes estadunidenses. São marcas como um símbolo da nação e a nação se vê como nação das nações, no momento em que suas corporações estão representadas orgulhosamente em outros países, levando mensagens que os estadunidenses consideram como de sua sociedade, procurando naturalmente impor estes valores.As companhias foram criadas sob liberdade de uma democracia corporativa somente se submetendo à arbitragem civil dos acionistas e do mercado.O Governo estadunidense, embora não tenha relação direta com as companhias, tem interesse nestes valores. É isto que de forma algo confusa, se chamou durante um século, como “imperialismo norte-americano”.Algumas vezes agiu como ator imperial, dividindo para reinar, em outras ocasiões, procurou combinar-se com culturas e valores locais.Porque não é um Império, no sentido convencional dos Reinos e Impérios que advieram do mundo europeu.E está em transformação interna.

Corresponde a uma cultura homogênea, uniforme, que teve seu começo nos pioneiros , como vimos, diferenciando-se do modelo do multiculturalismo.

O multiculturalismo é uma política que exprime outra realidade e se afirma no Canadá, constituindo um exemplo e um valor que o Canadá pode transmitir para o Brasil e as Américas. Não começou com a legislação em 1971 defendida por Pierre Trudeau, mas recua a l947 no pós-guerra e na ONU com a doutrina Lester Pearson, quando o Canadá percebe plenamente que seu modelo de nação já era policêntrico, amparado em vários centros, que sua fundação era binacional e multiétnica, e que tinha vantagens em respeitar vários níveis de decisão. Este modelo, que já estava contido em potencial na legislação de direitos implícitos na Constituição de 1867, foi projetado a toda a sociedade. O Canadá sempre fora uma sociedade descentralizada com províncias que se reuniram consensualmente, com vários níveis de decisão para gerar unidades consensuais, a partir de sua identidade como Nação, pressionada entre as iniciativas da Grã-Bretanha e a vizinhança dos Estados Unidos.

Como conseqüência do policentrismo e dos níveis de decisão, o Canadá também é o país em que mais se firmou o paradigma de organizações não governamentais, e mesmo empresas e empreendimentos canadenses trazem em si todas as diferenças culturais existentes na sociedade canadense, porque composições de acionistas também vêm se transformando em direção ao multiculturalismo, embora, neste último caso, mais lentamente.

Há uma congregação que se afirma, no caso canadense, e que a grande cientista social Rhoda Howard Hassman observou como construção da etnia social canadense (1999). A etnia não é uma formação biológica fixa, mas resultado de multibiografia, onde a biografia vai se construindo e se intersecionando, essencialmente dinâmica. Os imigrantes e seus filhos, de segunda geração, já se consideram canadenses e contribuem para a formação de uma identidade composta canadense. Isto é diferente do melting pot dos Estados Unidos, que é uma identidade única, derivada, e obedecendo à raiz branca, anglo saxônica protestante como orientadora principal da norma a ser seguida e obedecida.

Com isto concluo, observando juntamente com Jean-François Côté, que nossa identidade de americanos está indissolúvelmente ligada à originalidade de nossa experiência, e que tal experiência, por reunirmos as populações de todo o planeta, está nos conduzindo não apenas a uma cultura americana, mas a uma civilização americana.

Para haver governabilidade, o desafio será de organizar a Governança deste processo a qual só poderá ser realizada com o reconhecimento das diferenças em uma confederação e em um sistema de co-habitação.

Bibliografia citada

Arendt, Hannah (1988).Da Revolução.On Revolution. São Paulo: Editora Ática

Devezas, Tesaleno (2007) Portugal O Pioneiro da Globalização. Lisboa: Centro Atlântico

Howard Hassmann,Rhoda.“Canadian” as an ethnic category: implications for multiculturalism and national unity,in Canadian Public Policy,Vol. XXV,n° 4, 1999

Morse,Richard (1985).O Espelho do Próspero.Cultura e Idéias nas Américas.São Paulo.Cia. das Letras

20080323

O MULTICULTURALISMO DE OSWALDO ARANHA E LESTER PEARSON

Considero Oswaldo Aranha e Lester Pearson, ao lado de Franklin Roosevelt, os líderes mais importantes das Américas no século XX, com projeção mundial na linha de Roosevelt E os motivos são bastante evidentes. Antes deles, houve certamente Carlos Saavedra Lamas, na Argentina,que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1936, por sua doutrina do pacto pan-americano anti-guerra, especialmente na América do Sul, endossado pela Liga das Nações. E depois, Pierre Trudeau, que sucedeu a Pearson, no Canadá, sendo líder notável por sua abrangência multilateral e multicultural.
Oswaldo Aranha porém, foi o grande doutrinador das Américas, formulando um conceito de pan-americanismo inclusivo - aqui ao lado com Walt Disney, quando este veio ao Brasil em 1941,em plena guerra, em missão de boa vizinhança orientado por Roosevelt visando estreitar vínculos com o Brasil e toda a América do Sul .Da visita de Disney, nasceria a famosa série do "Zé Carioca", que faria parceria posterior com "Pato Donald",ampliação da indústria cultural.
Mesmo em meio à guerra e durante ditadura corporativa civil-militar engendrada por Getúlio Vargas e seus ministros Francisco Campos, Dutra e Góis Monteiro, inicialmente simpática ao Eixo, teve destacada atuação no Ministério das Relações Exteriores, atento ao paradigma americano de integração com os vizinhos ibéricos do Sul e ampliação com o Norte.Conseguiu dobrar a tendência de governo, rumo ao pan-americanismo contra Hitler.
Desenvolveu orientação de construção de nações grandes e fortes no contexto das Américas, para ampliar o conceito de boa vizinhança norte-americano para o de desenvolvimento social e econômico. Ampliou acordos com a Argentina e o Canadá nos anos 1940, desejando fundamentar o sentido do conceito de Americanidade.
Foi presidente das Nações Unidas em 1947, e aplicou na ONU a doutrina da subsidiariedade dos médios poderes no equilíbrio contra super potências, apoiando a desconcentração em um mundo que se tornava pós-colonialista Nisto se incluia a localização de terras para judeus e árabes na Palestina e a atenção a novas nações que surgiam. .

Lester Pearson

Lester Pearson teve longa experiência diplomática canadense na Inglaterra e logo nos Estados Unidos para compreender claramente que o dilema da concentração de poderes nas grandes nações havia se esgotado. Acompanhava a ação nas Américas, embora os canadenses demorassem a ter participação mais decisiva no continente pela posição ainda ocupada de mediação no hemisfério norte entre Inglaterra e Estados Unidos.Formularia, porém, doutrina extremamente original.A partir da experiência do Canadá - um pais multiétnico, com duas nacionalidades majoritárias e policêntrico, compreendeu que o mundo era multicultural e interescalonado em poderes medios.
A partir do fim da Segunda Guerra, o Canadá não aceitou propostas prévias que propunham as Nações Unidas como sistema de poderes regionais administrados pela Inglaterra, onde a Commonwealth junto com Rússia, China e Estados Unidos tivessem primazia. O Canadá se apresentou como mediador de status de atores médios, e diplomatas canadenses experientes emergiram como mediadores entre coalizões de nações no mundo. A Doutrina Pearson passaria a significar alianças regionais para deter expansões desmedidas de superpoderes que se geravam no planeta em um mundo nuclear. Pearson dirigiu a ONU em 1952, e em 1956 contribuiria decisivamente para esvaziar uma guerra de grandes proporções no canal de Suez ao conceber a organização dos corpos de paz e força de manutenção da paz.O que lhe deu em 1957, o Prêmio Nobel da Paz.
As doutrinas Aranha e Pearson tem inúmeros pontos de convergência a partir de dois países multiétnicos, desenvolvendo o sentido de Americanidade e médios poderes em um mundo pós-colonialista e e pós-eurocêntrico.
O texto completo de artigo meu sobre a diplomacia pioneira multicultural de Brasil e Canadá está na Revista da Abecan, ou então em

http://partnership.files.wordpress.com/2008/03/artigo-diplomacia-multicultural-brasil-canada.pdf

20080218

AMERICANIDADE

OBAMA, HILLARY, OS ESTADOS UNIDOS E AS OUTRAS AMÉRICAS
"A escolha nesta eleição não é entre regiões ou religiões ou religiões e gêneros. Não é sobre ricos e pobres, não é sobre jovens e velhos, sobre negros e brancos. É sobre passado e futuro, se nós podemos nos colocar dentro das mesmas divisões e distrações e dramas que passam na política hoje, ou se buscamos um novo sentido comum de inovação, uma política de sacrifício compartilhado e prosperidade compartilhada". Barack Obama, Carolina do Sul, 28 de janeiro
Neste discurso de Carolina do Sul, Barack Obama já mostrava clareza em perceber que se considerava representante da mais diversificada coalizão formada nos Estados Unidos em muito tempo. Acrescentou que eram "velhos e jovens, ricos e pobres, negros e brancos, latinos, asiáticos e americanos indígenas". Nas últimas semanas, esta coalizão não apenas se confirmou, mas somou mulheres sós com filhos, e começa a alcançar trabalhadores homens sindicalizados, tradicionais clientes da seguridade social, do Partido Democrata e de Hillary Clinton. Venceu em 26 estados contra 12 de Hillary, e foi ligeiramente brecado por sua recuperação proporcional nos grandes Texas e Ohio. Mas demonstrou homogeneidade no Norte, Sul, Leste e Oeste e no que os norte-americanos chamam de heartland, ou o interior rural desconfiado como Missouri, capital do Kansas produtor de trigo, onde desde 1904 quem não vence primárias, não é presidente da República.E ganhou no grande estado sulino da Virginia, símbolo do Pais (terra de Washington e Jefferson) entre eleitores anglo-saxônicos e também na pequena comunidade local ibérico-hispânica - avançando sobre o eleitorado da adversária até na população de mais de 60 anos. Em 2000 e 2004, Bush ganhou ali.
Pelas projeções da Associated Press, que calcula também a tendência dos super delegados (20% de notáveis membros do partido que votam na convenção e podem provocar desempate final quando há muito acirramento, funcionando quase como Poder Judiciário interno), Obama está na frente onde houve primárias, com 1569, contra 1462. Para o New York Times, que calcula somente votos proporcionais recebidos em cada estado e distribuídos entre os delegados do estado para cada candidato, e mais de superdelegados que abriram voto, Obama tem 1500 delegados contra 1394 de Hillary.
Os delegados que candidato deve atingir para ganhar a convenção são de 2.025, considerando que 4.049 votarão na convenção democrata, incluindo os 796 notáveis. Hillary equlibrou votos da comunidade ibérico-hispânica do sul, principalmente do Texas, em março. Conseguiu até agora mostrar que consegue melhor desempenho em grandes regiões e colégios, mas sua diferença diminuiu a cada dia, enquanto a penetração de Obama, mesmo nos grupos tradicionais, aumentou e tem desempenho de grande regularidade.

Obama tem dito freqüentemente, que:

Sabe que isto está ocorrendo porque os eleitores querem mudar a política usualmente lobbista em Washington e não apenas trocar de partido no Governo.Que esta política favorece um ou outro contrastadamente em bipartidarismo, há décadas se demonizando e impedindo a resolução de vários problemas em comum, como energia limpa.Que isto criou a concepção de que qualquer atitude e meio são válidos para ganhar eleição e levou à descrença em líderes políticos.

Que a sociedade deve estar atenta para composições que irão querer impedir que ela alcance suas aspirações, usando religião como símbolo e patriotismo como escudo para dizer o que se deve pensar, confinando supostamente o eleitor dentro de categorias, supondo que os jovens são apáticos e que os republicanos não cruzarão linhas partidárias.Que os poderosos e ricos não se preocupam com despossuídos e que negros e latinos não podem se unir.

Ao somar todas as agendas contrárias de seus adversários e proclamar que era a hora de mudar, usou o exemplo de escolas decaídas roubando o futuro de crianças negras e brancas igualmente, casas que estão à venda negando a habitação a ambos, a mãe que não pode ter assistência médica para todos os seus filhos e necessita de plano de saúde a baixo custo como todos os americanos; o professor que se alimenta mal para continuar dando aula e necessita de reforma no sistema de educação para auxílio técnico, melhor pagamento e seus estudantes melhores recursos.O trabalhador de baixos serviços que compete por 7 dólares a hora porque sua fábrica fechou, e reclama fim de subsídios para companhias que empregam fora dos EUA.E conclamou a que este dinheiro seja posto no bolso dos americanos e dos aposentados com dignidade e respeito.

Este discurso tem levantado compaixões, dos jovens à senhora idosa e ao casal de meia idade. Tem perturbado aos republicanos e promovido adesões de eleitores tradicionais em vários lugares desde Susan Eisenhower, neta do famoso general-presidente, ao general Colin Powell - que ainda não declarou seu voto, mas já disse publicamente que Obama é o fenômeno político mais interessante e importante surgido nos últimos anos e aguarda para tomar uma posição, insinuando que pode até mudar de partido.Também tem apoio e aliança de Paul Volcker, ex-presidente do Federal Reserve nos anos Reagan e de Zbgniew Brzezinky, ex-assessor de Segurança Nacional do período Carter. De negros empresários que se proclamam conservadores multiculturais de Chicago a Ted Kennedy e Caroline Kennedy, que já o identificou como reformador tão importante como seu pai John. Recebeu recente suporte de dois tradicionais ativistas negros, aliados de Hillary Clinton.Uma aliança diversificada e reformada.

É um discurso que seguidamente invoca a condição de nação mais rica do mundo dos Estados Unidos e a situação social em que se encontra comparada a outras nações, provocando abalo na auto-estima dos americanos e um incitamento à ação.Se a linguagem de George Bush foi denominada por ele mesmo de conservadorismo compassivo - porque deveria ser de compaixão com os necessitados e de conservadorismo com o controle e resultado da ajuda, algo que nunca colocou em prática - a de Obama está sendo a de compaixão cívica - a união civil ampliada entre grupos sociais de interesse, associações, famílias e excluídos de variadas procedências e formações, prejudicados pela enorme concentração de renda havida na sociedade norte-americana. Procurando agora transformar essa união em um grande movimento comunitário que lhe dê a vitória nas prévias e após a eleição à Presidência.

  • O vizinho Canadá já experimenta há muitos anos a reunião de várias culturas e formações diferentes em diversas organizações sociais e lhe dá o nome de sociedade de compaixão social evoluída, quase marca registrada do País, ampliada pelo liberalismo multicultural que fez do respeito às diferenças motivo para construção de produtividades emergentes e direitos reconhecidos. Mais adiante, trago observação sobre a experiência multicultural ampla de Americanidade e das sociedades híbridas, apresentada pela professora brasileira e rio-grandense Zilá Bernd, reconhecida internacionalmente e presidente em 2003/2005 do Conselho Internacional de Estudos Canadenses Também apresento em outro bloco, visão do professor Louis Balthazar, conhecido cientista político canadense, especializado sobre a América do Norte e presidente do Observatório sobre os Estados Unidos em Montreal.

Obama busca avançar solidariedade de diferentes culturas e começou por fragmentar a composição de Hillary Clinton.Vejamos porquê.

Em primeiro lugar, Obama é mulato,uma grande novidade e um pouco distanciado dos conflitos dos direitos civis dos anos 1960, filho de um imigrante da elite do Quênia que conheceu uma anglo-saxônica de classe média americana.Ele amplia o desejo de inclusão com reconhecimento, trajetória dos afro-americanos em sua intenção de resolver para sempre o passado de escravidão com os mesmos direitos em um país com índice muito baixo de cruzamentos inter-étnicos, acesso mais igualitário e vida compartilhada em seus múltiplos aspectos. Até o momento, vigiu mesmo tácitamente, a regra de “iguais mas separados” – equal but separated. Ophra Winfrey, que está apoiando Obama, é a única bilionária afro-descendente dos Estados Unidos, excessão quase extravagante como resultado do show-business.

Em segundo lugar, Obama atingiu altos níveis de escolaridade, com PHD em Direito em Harvard, algo atingível em média por 3% dos afro-descendentes, em um país com níveis superiores deste tipo reservados para descendentes europeus, judaicos, asiáticos, árabes, nesta ordem.

Brancos de diversas origens são 73.9%,afro-americanos 12.4%,ibero-hispânicos 14.8%. Asiáticos 4.4% e outros 8.3%

Por último, Obama é religioso e laico ao mesmo tempo, visualizando os movimentos comunitários de orientação religiosa como auxiliares dos movimentos civis e não como seus adversários, em um País crescentemente marcado por divisões. O Sul fundamentalista baseado em sociedades de fé e assistência, religiosamente hierarquizado e empreendedor com base em crenças evangélicas muito tradicionais e mesmo carismáticas revivalistas, e o Norte/Nordeste, urbanizado e comercial, com sociedades civis vinculadas a causas de direitos comunitários ligados a etnias, grupos sociais, gênero, classe, ações afirmativas e serviços, onde a religião é assunto privado e professada em locais determinados. Obama é desta última tradição, mas acompanha bem a primeira: foi professor substituto de direito constitucional na Universidade de Chicago e organizador comunitário de direitos civis em associações religiosas que compartilhavam grupos de interesse, comunidades de vizinhança e associações por direitos à habitação e medicamentos.

Embora não exista censo oficial para religião, censos privados indicam que os protestantes são 52%, os católicos 24%, os evangélicos gerais, 24%.Ou seja, cresceram os ramos não tradicionais evangélicos na sociedade norte-americana, que são cultos recentes pertencentes a diversos tipos de seitas.

Obama se apresenta como representante político e também missionário em uma época de redefinição social, política, econômica e cultural nos Estados Unidos, e por isto está superando vários obstáculos, tanto dentro de seu partido como fora dele.O discurso que os democratas mais posicionados da esquerda tradicional chamam de populista, tem demonstrado,porém, estar consciente de parte destes obstáculos e se preparando para os próximos.

O primeiro obstáculo, depois da natural separação entre plataformas de republicanos e democratas, foi a percepção de divisão e alianças dentro do próprio Partido Democrata, à medida em que as primárias se apresentavam. Hillary Clinton se apresentava como grande novidade por ser mulher, em um País com hábitos ainda bastante masculinizados na Política pela atividade de clãs familiares e formadores de grupos de interesse na atividade partidária.Mas após o início das prévias, ficou à mostra que apesar de defensora das causas femininas e de grupos desavantajados em busca de representação, ela também era uma mulher tradicional, advogada de altas classes sociais com hábitos políticos tradicionais. Mesmo tendo defendido causas civis em vários momentos de sua vida, se aliou aos sindicatos para formar protegidos.

Também foi advogada de grandes causas comerciais e de grupos importantes em Washington.Foi quase sempre defensora de um Estado assistencial como formador de clientelas políticas e foi esta sua imagem de primeira dama que tomou forma mais definida na campanha. Tem apoio dos imigrantes ibérico-hispânicos que estão mais acostumados a troca de votos com oligarquias seculares.Sua grande bandeira é a reforma completa da Saúde, com compra geral pelo Estado ao setor privado de um sistema para fornecimento aos 47 milhões de norte-americanos sem assistência. Esta face se aproxima do que os norte-americanos chamam de "esquerda", ou "liberal", porque visa inclusão dos excluídos. Neste aspecto, em linguagem brasileira, seria "liberal-democrata" desenvolvimentista, que usa parcerias do Estado com redes de negócios privados para gerar inclusões sociais e estimular a economia.Em alguns casos, protecionista contra produtos e serviços estrangeiros e impositora de tarifas para proteção de empregos internos.Obama também pretende medidas nesta direção. É uma causa hoje muito demandada, depois que tanto o Nafta com a Ásia estão fechando negócios e retirando empregos nos Estados Unidos.Os anos Bush deterioraram a situação cortando espaços, treinamento e mercado interno de trabalho para os serviços de conhecimento, despachando Microsoft e outras empresas avançadas para a Índia com incentivos, contra os trabalhadores internos.

  • Incluo adiante os efeitos do Nafta sobre a América do Norte, os vizinhos México e Canadá e em outro bloco, a visão do professor Dorval Brunelle, Diretor do Observatório sobre as Américas, também em Montreal.

Na política dos Estados Unidos, Hillary Clinton passou a ser odiada pelos republicanos por ser mulher que adentrou espaços masculinos mais além do permitido na lógica dos conservadores. Ela não é apenas uma assessora e auxiliar dos homens ou uma média empreendedora, mas sim alguém com capacidade de também formar rede de clientela e ameaçar o domínio conservador, formado por clientes e atendimentos com grandes negócios.Há casos de lobbies envolvendo Hillary incluindo doações de campanha, nunca completamente esclarecidos.

A política tradicional do Partido Democrata sempre formou base em classes de trabalhadores e sindicatos, e os direitos sociais foram usados para apaziguar e retardar maiores direitos civis de minorias étnicas.Nos anos 1960, quando do projeto de Great Society de Lindon Johnson,esta ampliação de direitos civis começou a atingir escolas e universidades, mas não chegou a se consolidar.A visão de Hillary Clinton sobre a sociedade é mais homogênea e uniforme que a de Obama: amplia o que o marido fez de integração com as comunidades, mas reforça o Estado de Bem Estar diretamente no auxílio a pensões, plano de saúde, educação, auxílio desemprego e emergência, reformulando hipotecas de habitação Não se trata de reconstruir interferências completas do Estado como na época Roosevelt, mas chamar acordos entre representantes do trabalho e investidores de negócios em um ambiente social renovado.

Os conservadores não têm projeto e estão muito divididos.Seu grande projeto, que examino após, entrou em crise pelo fim do paradigma do Estado de Oferta, ou supply-side dos anos Reagan. A nova idéia que inspira John McCain, e que certamente dará o tom de sua campanha política, será aproximação com o que os americanos chamam de "centro", ou uma atitude de defesa da classe média contra hábitos aristocráticos gerados pelo desperdício havido na sociedade nos últimos anos, uma defesa de comportamentos comunitários e maiores espaços para empreendimentos, oferecendo renúncia de impostos para emprendedores.É um discurso muito exíguo para o tamanho dos problemas e a dimensão da mudança experimentada pelo País, especialmente seu déficit público , mas ainda há muita campanha pela frente.

Renda - Os dados de 2007 da Receita americana revelaram que os contribuintes ganharam rendimento menor em termos reais em 2005 do que em 2000, pelo quinto ano consecutivo. A média de renda dos contribuintes ajustada pela inflação foi de $55,238 comparada a $55,714 em 2000, e 70% percebem abaixo da média.
Os rendimentos da parcela enriquecida aumentaram, o que em cálculos globais aumentou a renda per capita, mas os ganhos se fizeram para quem percebe mais de 1 milhão de dólares por ano. A classe média passou muitas dificuldades e o custo de vida aumentou em muitas áreas que a afetam, como saúde, educação , combustíveis.
Depois do corte de impostos feito pela Administração, as estatísticas e estimativas feitas sobre dados do Departamento do Tesouro mostram que 28% da poupança foram somente para 13.776 contribuintes que ganham 10 milhões de dólares por ano ou mais,em 1.2 milhões de dólares per capita de devolução, em um universo de 134 milhões de contribuintes.

Os contribuintes acima de U$ 1 milhão, chegaram a 303.817 pessoas.
Os que ganham mais 340 mil dólares são 1 milhão de pessoas

Este conjunto representa 1% de todos os contribuintes e foi responsável pela concentração de 21.8% da renda nacional, a maior desde 1928, antes da Grande Depressão

Há 9% que perceberam acima de 100 até 340 mil dólares

E aproximadamente 90% dos cidadãos estão abaixo de 100 mil dólares por ano e pouparam uma média de 318 dólares.

Traduzindo para a forma brasileira de pensar: 90% das pessoas estão na faixa de até 8.300 dólares por mês. No nível de renda pessoal, é a intersecção de todas as camadas baixas com a classe média e passagem para níveis um pouco maiores de poupança na sociedade norte-americana.

É a diferença entre rendimentos e poupanças que vão formar riquezas nos domicílios em ações, fundos de pensão,aplicações e imóveis. Os maiores ativos destas pessoas são seus imóveis , diferente dos contribuintes maiores que têm ações e quotas de empresas. Como se diz em linguagem coloquial, estas pessoas estão pagando despesas, não estão prosperando.

A estratificação neste grupo deixa 33% com um rendimento médio entre 4.100 e 8.300 dólares/mês

E a imensa maioria de 67%, faz até 4.100 dólares por mês, ou seja, 4 salários mínimos. Considerando que o salário mínimo seria uma extensão de 7 dólares a hora por aproximadamente 160 horas/mês.

Mas é entre estes ainda que começa uma estratificação sobre o total por sua vez mais pobre

3.73% estão entre de 1.660 a 4.100 dólares

35.8% dos americanos ganham menos de 1.660

18.5% estão de 830 a 1660

e 9.0% de 416 até 830

É claro que há rendas compostas entre pessoas dentro de famílias, e isto forma rendas domiciliares, mas não são muito diferentes, considerando que os Estados Unidos já tinham em 2005, 13% abaixo de pessoas na considerada linha da pobreza - genericamente traduzindo para a linguagem brasileira, 833 dólares/mês para uma pessoa.

As famílias médias afro-americanas percebem 60% do rendimento de uma família de descendência européia ou branca genérica, mas têm mais desvantagens porque vivem de rendimentos, elas têm apenas 18% da riqueza de uma família média branca. Nos anos Reagan,houve alguma ascenção de emprendimentos negros que cresceram por benefícios maiores que os brancos

Os rendimentos nos Estados Unidos sempre estiveram vinculados à produtividade, e a eficiência era remunerada com maiores salários, mas o vínculo tem sido cortado porque de 2001 a 2005 a produtividade cresceu três vezes mais do que os salários, e 70% da renda nacional se dirigiu para pagar benefícios de executivos ao contrário de sete ciclos de negócios anteriores quando 77% de toda a renda iam para salários. Isto não desenvolveu outras profissões ou retreinou ocupações para uma nova sociedade.

As ações também ficaram muito concentradas.Embora 51% dos domicílios tenham ações,apenas 31% têm mais de 10 mil dólares em ações,e apenas 15% têm mais de 25 mil dólares.Os 10% mais ricos têm 85% de todas as ações.

Joseph Stiglitz, um dos agraciados com o Prêmio Nobel de Economia em 2001 e professor muito qualificado de Colúmbia, publicou recentemente um artigo mais amplo, dedicado a publico não acadêmico na revista Vanity Fair de Nova York, mostrando que não se via esta desigualdade há 65 anos. Um jovem nos seus 30 anos hoje, tem uma renda ajustada pela inflação, que é 12 por cento menor do que o seu pai fazia há 30 anos atrás.Depois que Bush se tornou presidente, ou seja, nos últimos 7 anos, mais 5.3 milhões de americanos estão vivendo na pobreza, e ele acrescenta pesaroso, na comparação com a outra América, que " a estrutura de classes ainda não chegou lá, mas está se dirigindo na direção do Brasil e do México".

O problema é fundamentalmente de escolhas fiscais que são regressivas, visando aumentar grandemente o patrimônio de quem já tem riqueza muito consolidada, endividar o País, aumentar gastos militares, e cortar investimentos sociais. Stiglitz prossegue:

"(..)Os subsídios agrícolas dobraram entre 2002 e 2005. As renúncias fiscais – um vasto sistema de subsídios e preferências escondidas no sistema tributário – aumentaram em mais de 25%. O corte de impostos para os amigos do Presidente, da industria de petróleo, aumentou em bilhões e bilhões de dólares.Sim, em cinco anos depois de 11de setembro, as despesas de defesa aumentaram efetivamente (em algo como 70%) embora muito do crescimento não fosse de ajuda à guerra ao terror de modo algum, mas para terceirizações a empresas em missões falidas no Iraque.Enquanto isto, outros fundos continuaram a ser despendidos em parafernálias de alta tecnologia usuais – armas que não funcionam, para inimigos que não temos...

(...)O dinheiro foi sendo gasto em toda a parte, exceto onde era necessário. Durante estes sete anos passados, a porcentagem do PIB gasta em pesquisa e desenvolvimento fora da defesa e saúde caiu completamente. Pouco foi feito sobre a decadente infra-estrutura, seja para os problemas de New Orleans ou para a pontes de Minneapolis.A maior parte do desastre será colocada para o próximo ocupante da Casa Branca.Embora falasse contra programas para os mais necessitados, a Administração sancionou os mais altos crescimentos em auxílios nas quatro décadas – o pobremente planejado Medicare e beneficio em drogas, ambos no período eleitoral como clientelismo e negócios para a indústria farmacêutica. Um documento interno foi revelado mais tarde sobre verdadeiro custo da medida, escondida do Congresso. Enquanto isto, as companhias farmacêuticas receberam favores especiais.Para acessar os novos benefícios, os pacientes idosos não poderiam optar por comprar medicamentos mais baratos no Canadá e outros países. A lei também proibiu o Governo dos Estados Unidos como o maior comprador individual, de negociar com os fabricantes de medicamentos para baixar o preço dos remédios. Como resultado, os consumidores americanos pagam muito mais alto pelos medicamentos do que a população de qualquer outro lugar do mundo desenvolvido.."

Meridianamente, mostra que os argumentos de Bush sobre a renúncia a impostos para estimular a economia nunca tiveram qualquer fundamento real, pois o estímulo por dólar do déficit foi sempre foi muito baixo, e o que realmente estimulou foram as taxas de juro do Federal Reserve Board, chegando até 1%, ou mesmo negativas, descontada a inflação, criando um intenso consumismo nos Estados Unidos sem produtividade real e aumento de condições reais de riqueza. O crédito foi oferecido em amplas proporções a quem não tinha condições reais , e os débitos em cartão de crédito alcançaram cifras como 900 bilhões de dólares entre julho-agosto de 2007. Os domicílios americanos tomaram vantagens das baixas taxas de juro, fizeram novos contratos com taxas fictícias iniciais e seguiram adiante nos procedimentos.As estatísticas econômicas mostraram melhorias aparentes, mas as taxas de financiamento das casas iriam crescer e os contratos se tornariam impossíveis de refinanciamento. No que é o ponto mais grave de seu artigo, Stiglitz afirma diretamente que

"(..)o Presidente sem dúvida esperava que isto pudesse ocorrer em algum momento depois de 2008, e aconteceu 18 meses antes.Como muitos de 1.7 milhões de americanos que devem perder suas casas nos meses que estão por vir. Isto significará a volta espiral à pobreza.Entre março de 2006 e março de 2007, as taxas de falência pessoal atingiram mais de 60%. Assim como as famílias entravam em falência, mais e mais delas passavam a entender quem tinha ganho e quem tinha perdido, como resultado da lei de falências que o Presidente aprovou em 2005. Ela tornou mais difícil aos indivíduos se descartarem dos seus débitos de modo razoável. Os emprestadores que tinham pressionado pela "reforma" tinham sido os claros ganhadores, ganhando vantagens adicionais e proteções para si mesmos.As pessoas que enfrentavam o desastre financeiro ficavam com a conta..."

Nos custos totais de Stiglitz, a conta do Iraque já alcançou pelo menos a 2 trilhões de dólares,incluindo todos os custos que deveriam ser computados, como reposição de material e depreciação de ativos de companhias americanas no Exterior, algo que a Administração não faz.Parte significativa disto poderia ter sido investida em educação garantindo acesso à alta educação para todos os americanos e tecnologia ou aprimorando a infra-estrutura, para os Estados Unidos estar em muito melhores condições de enfrentar desafios que encontrará no futuro, incluindo até ameaças do Exterior. O endividamento do Governo, do País e das famílias para sustentar consumo e diminuição de investimentos em ativos fixos, plantas e equipamentos que ajudam a aumentar a riqueza fará declinar o crescimento do padrão de vida dos americanos. A confiança na economia americana decaiu enormemente, também o valor do dólar, a 40% contra o euro desde 2001.

Finalmente a posição do comércio, e os protecionismos que contradizem toda a fala por livre-comércio e melhor comércio que pode realmente auxiliar no desenvolvimento de vantagens comparativas. Mostra que se os Estados Unidos deixassem de comprar têxteis da China, comprariam de Bangladesh ou Camboja e o déficit continuaria.E que instituir protecionismo contra a industria do aço não resolve nada, fazer acordos bilaterais forçando paises pequenos a aceitar condições amargas - estendendo proteções de patentes de drogas que eles desesperadamente necessitam para lutar contra aids - não é melhorar o comércio. Coibir a China de comprar de uma pequena companhia de petróleo americana cujos ativos estão fora dos Estados Unidos, também não.Promover subsídios agrícolas que distorcem os mercados internacionais e ferem pobres agricultores dos paises em desenvolvimento não é melhorar o comércio.Isto enfraqueceu a cooperação e não aumentou o volume nem mudou os termos de comércio.Os contratos imobiliários norte-americanos terão influência sobre vários mercados que os compraram, e os Estados Unidos estão cada vez mais dependentes de outras nações para financiarem o seu próprio débito - a China detém mais de 1 trilhão de dólares em títulos públicos e privados norte-americanos.Os empréstimos cumulativos do Exterior durante seis anos de administração Bush já somam 5 trilhões.Aparentemente os credores não demandarão suas dívidas – se em algum momento o fizessem, haveria uma crise financeira global.

" O que é requerido é simples de descrever: cessar nosso comportamento corrente e fazer exatamente o contrário(..) não despender dinheiro que não temos, aumentar taxação sobre os ricos, reduzir o bem estar das corporações, fortalecer medidas de seguridade para os menos aquinhoados e fazer maiores investimentos em educação, tecnologia e infra-estrutura (...) deveríamos tentar nos deslocar da carga de imposto do que vemos como boas, tais como trabalho e poupança para coisas que vemos com ruins, como poluição. Com respeito à seguridade, lembrar que quanto mais o Governo auxilia os trabalhadores para aprimorar suas habilidades e propicia cuidados de saúde disponíveis, mais liberamos empreendimentos americanos para competir na economia global.Teremos uma chance melhor de ter outros mercados abertos se nós mesmos atuarmos menos hipócritamente – se abrirmos nossos próprios mercados para seus bens e pararmos de subsidiar a agricultura americana.Finalmente, estaremos muito melhor se trabalharmos com outros países para criarmos um comércio global e sistemas financeiros justos e eficientes".

Obama e Hillary Clinton estão caminhando com seus programas nesta direção.Obama mais acentuadamente quer iniciar amplas negociações internas e cortar grandes subsídios agrícolas.É íncisivo sobre retirar subsídios também às corporações e fala em relançar o Nafta (e inclusive a América em geral) sob outras bases, também no eleitorado ibero-hispânico. O fato é que um ou outro quererá melhorar índices de rendimentos médios internacionais para equalizar e redeterminar termos de comércio.A idéia é fazer ganhos de produtividade voltarem a operar para ampliar comercio mais justo em outro nível de especialização.Mas para isto, as especializações dos Estados Unidos não podem chocar com as dos paises parceiros, algo com o que Bush não teve a menor preocupação.

Americanidade: o que diz Zilá Bernd

Zilá Bernd é internacionalmente conhecida por seu trabalho de pesquisa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em linguagens comparadas nas Américas, Literatura Comparada, Americanidade e identidade, estudos culturais e relações literárias interamericanas.Doutora pela Universidade de São Paulo com pós-doutorado em Montreal, trabalha com interdisciplinaridade em transferências culturais nas Américas e hibridação literária. É coordenadora do Grupo que com a participação de cerca de 100 pesquisadores do Brasil, França e Canadá acabou de conduzir pesquisa de dois anos na formação do Dicionário de Figura e Mitos Literários das Américas, a partir do Rio Grande do Sul, edição Tomo/UFRGS, 702 páginas, 2007(abaixo).

Tem 28 livros publicados como autora direta ou organizadora e 58 capítulos de livros publicados, estudando inclusive a negritude americana. De 2003 a 2005 presidiu o Conselho Internacional de Estudos Canadenses, em Ottawa.

Um trabalho especificamente voltado às Relações Americanas e a Identidade nas Américas é Americanidade e transferências culturais (Porto Alegre, Editora Movimento, 2003), do qual trago um capítulo em anexo, também apresentado na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Letras.

Foi responsável pela edição de vários CD-ROM sobre temática das relações culturais e literárias inter-americanas, principalmente Transcultural translators; Mediating Race, Indigeneity and ethnicity in four nations (Rockefeller Center, 2003), e Figures et mythes littéraires des Amériques (Montreal: McGill 2005). Sua investigação partiu da heterogeneidade das literaturas, consciente de que a proposta de adesão a uma identidade continental pode corresponder a um anseio de afirmação identitária mais abrangente. "Como identificar-se a algo com tantas facetas onde convivem a riqueza e a pobreza, onde os desníveis econômicos e sociais são imensos e onde tantas culturas se mesclaram em diferentes momentos de sua história?" Estas questões fazem romper com os tradicionais pontos de referência étnicos, lingüísticos e nacionais que são os que, via de regra, criam entre os indivíduos a noção de pertença a uma comunidade.Há vantagens nisto, diz Zilá, observando que americanidade, americanité, americanidad, é uma outra identidade que é também o lugar de quem migra. Americanidade é a percepção de um sentido comum americano, apesar da grande heterogeneidade que caracteriza literaturas americanas e da constante movência de suas fronteiras culturais, trazendo uma preocupação comum: a de constantemente se (re)definir. No Norte, a noção de americano e americanização é imprecisa, e ao Sul da América, a busca por identidade desde o século XIX foi constante. O capítulo/artigo sobre Americanidade antecipa aspectos da sociedade híbrida e do dilema que se apresenta nos EUA, em

http://partnership.files.wordpress.com/2008/02/americanidade-e-americanizacao.pdf

20080217

De Reagan a Bush, o fim do projeto Republicano

Os anos Reagan tentaram transformar e em alguns aspectos foram bem sucedidos, o Estado de Bem Estar Social criado pelo Partido Democrata, em empreendedorismo, que atingiu aos estratos afro-americanos de diversas maneiras.Os direitos civis estavam até então muito vinculados a medidas sociais compensatórias e afirmativas para camadas mais baixas e para afro-americanos e tinham caráter político - como negar isenção de impostos para escolas e faculdades privadas que praticassem discriminações por renda ou principalmente etnicidade.Reagan tentou reverter esta legislação, foi brecado pela Suprema Corte,diminuiu o papel das agências de direitos civis e das exigências às corporações privadas nos contratos federais para ações afirmativas, e no primeiro momento, cortou qualquer ajuda às famílias com filhos dependentes do sistema assistencial federal.Em determinados momentos, reduziu até almoços de escolas e cortou igualmente programas de habitação transferindo-os para a Defesa.Também descaracterizou a Comissão de Igualdade nos Empregos.Regulações legais deixaram de ser observadas em muitos aspectos, sob o argumento de que se estaria construindo um novo federalismo , baseado na devolução de poderes do Governo aos cidadãos, geradores de riqueza.
Sua estratégia fundamental era a geração de empreendimentos e para tal fundamentou-se em cortes de impostos, que foram úteis para gerar empreendedorismo entre afro-americanos, gerando mais proprietários e membros negros no ensino superior, e diminuindo o desemprego entre adolescentes.
Ver a continuidade do texto em

http://partnership.files.wordpress.com/2008/02/de-reagan-a-bush.pdf

Os hábitos conservadores no espaço da América do Norte tinham um projeto que deixou de ter sentido quando afastou-se a remuneração da distribuição por reconhecimento de produtividade. O professor Louis Balthazar, é PHD por Harvard, professor emérito da Universidade Laval e presidente do Observatório sobre os Estados Unidos em Montreal. Estive com ele em 2005, para pesquisa sobre a cidadania canadense, onde fez longa exposição sobre semelhanças e diferenças com os Estados Unidos. Neste texto seguinte de 2007, mostra interessantemente que os norte-americanos sempre se tornaram conservadores à medida em que se tornaram mais prósperos - passando do Partido Democrata para o Partido Republicano quando faziam da integração social um meio de alcançar riqueza pessoal.Isto aconteceu também durante Roosevelt e em meio ao New Deal. Agora, esta tendência provocou o fenômeno de afastamento das cidades e criação de comunidades virtuais semi-rurais em áreas distantes do urbano, gerando sentimento dinástico e isolado.Confirma o diagnóstico que Robert Putnam já fizera do abandono de comunitarismo e capital social, uma marca dos Estados Unidos. Obama surgiu resgatando este espaço. O fenômeno de fronteiras sociais exclusivas alcançou parte do Canadá, cruzando pertencimento a partidos.In

http://partnership.files.wordpress.com/2008/02/conservadorismo.pdf

O Nafta e suas consequências

O Nafta completou 13 anos em 2007.
Antes disto, em março de 2005, os três lideres do Nafta assinaram a Parceria para a Segurança e Prosperidade Norte-Americana(SPP), como acordo quadro geral de avanço realizado de forma restrita aos Poderes Executivos dos três países, para harmonização ampla do continente.Trata-se de um vasto conjunto de medidas econômicas, de segurança, recursos militares, sociais, ambientais, políticas publicas, praticas publicas regulações e instituições.

Esta idéia básica tinha em mente o envolvimento ativo dos setores privados dos três países para as questões mais prementes no aumento de competitividade.Junto com a parceria foi lançado o Conselho de Competitividade Norte-Americano, órgão assessor trilateral do setor privado com diversas recomendações aos governos na facilitação transfronteiriça, energia e reformas regulamentares.O nível de integração vai até estas instâncias.Os níveis de supranacionalidade, porém, são bem mais limitados e não prevêem nenhuma instituição política - os três países mantêm suas próprias prioridades nacionais individuais, poder de decisão e soberania. Há colaboração cautelosa para melhorar competitividade , mas muito distante de fronteiras comuns, moeda comum e instituições supranacionais.

O professor Dorval Brunelle, do departamento de Sociologia da Universidade de Quebec a Montreal e diretor por longos anos do Observatório das Américas, distingue a integração entre Canadá e Estados Unidos, que têm acordos de livre comércio desde o século XIX e a relação conflitiva dos americanos com o México.Previa-se no início compensações para adaptar o México gradativamente ao Nafta, que não ocorreram.Como não existem instituições políticas comuns, a Parceria para Segurança e Prosperidade foi uma primeira iniciativa de comunidade de segurança e vital para os Estados Unidos, para tornar o seu estilo de vida mais permanente e sustentável.Uma comunidade militar, com garantias de suprimentos de matérias primas que teve então aspectos civis, com uma rede de norte a sul, formando institucionalização de três Governos.Foi formado um tipo de Gabinete no continente com seis ministros, dois de cada país, um ministro de desenvolvimento e prosperidade e um ministro de segurança. O Conselho de Competitividade Americana, terceiro componente, tem 30 executivos de negócios, 10 de cada País. Começa a haver organização econômica comum com três Governos e instituições políticas representadas por funções executivas. Isto tudo é muito diferente da União Européia. Na entrevista em inglês, Brunelle expõe isto amplamente em

http://partnership.files.wordpress.com/2008/02/dorval-brunelle.pdf

As consequências do Nafta estão sendo examinadas pelos três países. Ele foi antecedido pelo Tratado de Livre Comércio dos Estados Unidos com o Canadá , que foi seu modelo, assinado em 1988, há 20 anos. Este último mudou o curso do Canadá e antecipou um projeto para a América do Norte. In

http://partnership.files.wordpress.com/2008/02/nafta.pdf