20080323

O MULTICULTURALISMO DE OSWALDO ARANHA E LESTER PEARSON

Considero Oswaldo Aranha e Lester Pearson, ao lado de Franklin Roosevelt, os líderes mais importantes das Américas no século XX, com projeção mundial na linha de Roosevelt E os motivos são bastante evidentes. Antes deles, houve certamente Carlos Saavedra Lamas, na Argentina,que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1936, por sua doutrina do pacto pan-americano anti-guerra, especialmente na América do Sul, endossado pela Liga das Nações. E depois, Pierre Trudeau, que sucedeu a Pearson, no Canadá, sendo líder notável por sua abrangência multilateral e multicultural.
Oswaldo Aranha porém, foi o grande doutrinador das Américas, formulando um conceito de pan-americanismo inclusivo - aqui ao lado com Walt Disney, quando este veio ao Brasil em 1941,em plena guerra, em missão de boa vizinhança orientado por Roosevelt visando estreitar vínculos com o Brasil e toda a América do Sul .Da visita de Disney, nasceria a famosa série do "Zé Carioca", que faria parceria posterior com "Pato Donald",ampliação da indústria cultural.
Mesmo em meio à guerra e durante ditadura corporativa civil-militar engendrada por Getúlio Vargas e seus ministros Francisco Campos, Dutra e Góis Monteiro, inicialmente simpática ao Eixo, teve destacada atuação no Ministério das Relações Exteriores, atento ao paradigma americano de integração com os vizinhos ibéricos do Sul e ampliação com o Norte.Conseguiu dobrar a tendência de governo, rumo ao pan-americanismo contra Hitler.
Desenvolveu orientação de construção de nações grandes e fortes no contexto das Américas, para ampliar o conceito de boa vizinhança norte-americano para o de desenvolvimento social e econômico. Ampliou acordos com a Argentina e o Canadá nos anos 1940, desejando fundamentar o sentido do conceito de Americanidade.
Foi presidente das Nações Unidas em 1947, e aplicou na ONU a doutrina da subsidiariedade dos médios poderes no equilíbrio contra super potências, apoiando a desconcentração em um mundo que se tornava pós-colonialista Nisto se incluia a localização de terras para judeus e árabes na Palestina e a atenção a novas nações que surgiam. .

Lester Pearson

Lester Pearson teve longa experiência diplomática canadense na Inglaterra e logo nos Estados Unidos para compreender claramente que o dilema da concentração de poderes nas grandes nações havia se esgotado. Acompanhava a ação nas Américas, embora os canadenses demorassem a ter participação mais decisiva no continente pela posição ainda ocupada de mediação no hemisfério norte entre Inglaterra e Estados Unidos.Formularia, porém, doutrina extremamente original.A partir da experiência do Canadá - um pais multiétnico, com duas nacionalidades majoritárias e policêntrico, compreendeu que o mundo era multicultural e interescalonado em poderes medios.
A partir do fim da Segunda Guerra, o Canadá não aceitou propostas prévias que propunham as Nações Unidas como sistema de poderes regionais administrados pela Inglaterra, onde a Commonwealth junto com Rússia, China e Estados Unidos tivessem primazia. O Canadá se apresentou como mediador de status de atores médios, e diplomatas canadenses experientes emergiram como mediadores entre coalizões de nações no mundo. A Doutrina Pearson passaria a significar alianças regionais para deter expansões desmedidas de superpoderes que se geravam no planeta em um mundo nuclear. Pearson dirigiu a ONU em 1952, e em 1956 contribuiria decisivamente para esvaziar uma guerra de grandes proporções no canal de Suez ao conceber a organização dos corpos de paz e força de manutenção da paz.O que lhe deu em 1957, o Prêmio Nobel da Paz.
As doutrinas Aranha e Pearson tem inúmeros pontos de convergência a partir de dois países multiétnicos, desenvolvendo o sentido de Americanidade e médios poderes em um mundo pós-colonialista e e pós-eurocêntrico.
O texto completo de artigo meu sobre a diplomacia pioneira multicultural de Brasil e Canadá está na Revista da Abecan, ou então em

http://partnership.files.wordpress.com/2008/03/artigo-diplomacia-multicultural-brasil-canada.pdf